A palavra “robô” é uma variação do termo “robota”, que significa “trabalho forçado” ou “trabalho escravo”. Ela surgiu pela primeira vez na peça de teatro “R.U.R. – Robôs Universais de Rossum”, obra visionária do escritor tcheco Karel Čapek que estreou na cidade de Praga em 1921. O texto é uma crítica à mecanização crescente da sociedade e como esse processo desumaniza as pessoas. Foi um sucesso imediato e em 1923 já tinha sido traduzida para trinta línguas.
Estreia da peça de teatro “R.U.R. – Robôs Universais de Rossum” em Praga, 1921Estreia da peça de teatro “R.U.R. – Robôs Universais de Rossum” em Praga, 1921 | Divulgação
A humanidade sonha com robôs humanoides já há algum tempo: nas telas grandes e pequenas, nos deslumbramos com uma galeria incrível de “modelos” de androides, desde a pioneira Maria (Metrópolis) até C3PO (Guerra nas Estrelas), passando por Rosie (Os Jetsons), Data (Jornada nas Estrelas), David (A.I. – Inteligência Artificial) e, mais recentemente, Jeff (Finch). Mas, na vida real, ainda há muito chão a ser percorrido até que estas máquinas atinjam um estágio maduro de desenvolvimento.
O robô-conceito Asimo, da Honda, ocupou durante muito tempo o posto de humanoide mais avançado do mundo. A primeira versão foi apresentada em 2001 e a última em 2011 – neste período foram realizados pelo menos sete grandes upgrades. O projeto foi finalizado em 2018 mas o robô ainda hoje é utilizado como relações-públicas da Honda e continua impressionando pelas suas funcionalidades: pode andar a uma velocidade de 2,7 km/hora e correr a 7 km/hora, tem a capacidade de reconhecer objetos em movimento, posturas, gestos, o ambiente ao redor, bem como sons e rostos. Todos esses recursos permitem que o robô interaja com humanos em diversas situações.
Boston Dynamics, Agility Robotics, Ubtech, Xiaomi e Tesla são algumas das empresas mais avançadas na produção de robôs humanoides no momento. Recentemente, a Xiaomi apresentou o CyberOne, sua primeira incursão nesta seara. O CyberOne é equipado com braços e pernas com tecnologia de ponta e pode se equilibrar sozinho.
Tem recursos avançados de visão e funcionalidades que permitem criar reconstruções virtuais tridimensionais do mundo real, reconhece 85 tipos de sons do ambiente e 45 classificações de emoção humana. Segundo o fabricante, o humanoide é capaz de detectar a felicidade e até confortar o usuário em momentos de tristeza. Não se sabe se e quando ele vai chegar ao mercado.
Em setembro, Elon Musk deve mostrar a primeira versão do TeslaBot ou Optimus, um androide “semi-senciente” com 1,70 metros, 55 quilos e que será capaz de se mover a 8 km/h e carregar até 20 quilos. “A intenção é ser amigável, navegar por um mundo feito para humanos e eliminar tarefas perigosas, repetitivas e chatas”, explicou Musk em anúncio feito no ano passado. É ver para crer.
Embora resultados impressionantes tenham sido obtidos após mais de quatro décadas de pesquisas com robôs humanoides, as reais capacidades destas máquinas ainda são limitadas. Apenas agora elas conseguem decidir autonomamente como proceder em situações não planejadas. O incrível Atlas, da Boston Dynamics, por exemplo, é capaz de percorrer um circuito desconhecido de Parkour, adaptando o seu repertório às diferentes situações em tempo real.
Mas o cenário deve mudar muito nos próximos cinco a dez anos, por conta dos rápidos avanços em inteligência artificial, materiais, eletrônica, hardware, sensores, software e gerenciamento de energia. Será incrível acompanhar essa evolução.
(publicado originalmente no Globo, em 18 de agosto de 2022)