Estamos vivendo um período singular na história da humanidade: os avanços e a disseminação incrivelmente rápida da inteligência artificial generativa têm despertado inúmeras questões importantíssimas para a sociedade. No lado positivo, há a possibilidade da nova tecnologia ajudar a encontrar a cura do câncer, aliviar humanos de tarefas repetitivas, criar modelos para atenuar a crise climática e aumentar a segurança digital. Mas são os aspectos negativos que estão chamando mais a atenção no momento. Entre as principais questões, pode-se destacar os problemas com a substituição do trabalho humano no mercado de trabalho, a produção de conteúdo que viola os direitos de propriedade intelectual de terceiros, a criação de conteúdos maliciosos, como spam, ataques de phishing ou notícias falsas com viés político e a geração de conteúdos que não são claramente identificados como sendo criados por uma máquina, podendo levar a confusão ou engano.
Vários intelectuais, pensadores, empreendedores e escritores têm manifestado grande preocupação com o uso indiscriminado e não regulamentado dos sistemas de inteligência artificial. O israelense Yuval Harari, autor de Sapiens e Homo Deus, é bem pessimista em artigo escrito esta semana, em parceria com Tristan Harris e Aza Raskin: “A hora de lidar com a inteligência artificial é antes que nossos políticos, nossa economia e nossa vida cotidiana se tornem dependentes dela. A democracia é uma conversa, e a conversa depende da linguagem, e quando a linguagem em si é hackeada, a conversa é interrompida e a democracia se torna insustentável. Se esperarmos que o caos se instale, será tarde demais para remediá-lo”. Já Elon Musk, empresário da SpaceX, Tesla e Twitter, e mais de mil de especialistas mundiais assinaram ontem um documento pedindo uma pausa de seis meses nas pesquisas sobre inteligências artificiais mais poderosas que o ChatGPT 4, a nova versão do ChatGPT lançado pela OpenAI.
É interessante notar como o grande escritor de ficção científica Arthur C. Clarke prevê e avalia a ascensão dos sistemas de inteligência em 1964. “Os sistemas de inteligência artificial vão começar a pensar e superar completamente seus criadores. Isso é deprimente? Não vejo porque deveria ser. Nós substituímos os Cro-Magnons e os Neandertais e temos a certeza de que somos uma evolução. Acho que devemos considerar isso um privilégio, sermos trampolins para o surgimento de coisas mais elevadas. Eu suspeito que a evolução orgânica ou biológica chegou ao fim. E estamos agora no início da evolução inorgânica ou mecânica, que será mil vezes mais rápida”.
Aguardemos, ansiosos, os novos capítulos da nossa história.